quinta-feira, 5 de julho de 2012

Abstinência (José)

Acabou a luz, acabou a noite também.
Acabou o drama, a tristeza, o medo. Menos mal.
Mas acabou a gritaria na rua, o dia raiou e meu copo tá vazio. Acabou a cachaça, acabaram-se os bêbados felizes da rua também. Acabou a alegria.
E o dia azul que chega traz a monotonia e o tédio de volta, traz minha vida medíocre e a dor. Trouxe o amor.
O amor que me fez tão feliz e que me fez sorrir contente pela primeira vez. Foi bom, e é bom sentir de novo. Sentir o sangue correr pelas veias, o coração bater forte. Pena que não volta mais.
Porque acaba também. O amor acaba, assim como vêm se acabando meus dias, do mesmo jeito que acabou esta última noite de sexta-feira. Era a animação dos bêbados, era a música na rua, eram as brigas de bar, era o cheiro desagradável de cerveja e bueiro, era o não-se-importar-com-nada.
Mas veio o dia, veio o sol, veio o calor, veio a dor. Não quero saber, que venha o escuro de novo, traz minha alegria de novo, quero a luz das minhas velas e o cheiro de cera derretida sobre os papéis amassados.
E acabaram-se as velas e os fósforos. Rascunhos foram pro lixo e só restou minha mente cheia de ideias emboladas que não se concretizam.

Acabou a luz, acabou a alegria e a dor. Acabou o amor, tudo bem.
Acabou o cigarro, merda. E agora?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

~

Ah, bonita... Me olha, me nota. Eu tô aqui, eu tô aqui! Me atende, me responde, diz que sim, pode até dizer que não. Conversa comigo, briga comigo. Diz que gosta de mim, diz que eu não presto. Mas não se faz de desentendida, não finge que não vê.
Diz a verdade, diz que lá no fundo você me quer, eu sei que você quer! Me beija, me xinga, me abraça, me maltrata... Me ama, bonita! Me ama porque eu te amo, porque eu sei que eu não presto também, porque a gente é tão diferente, e porque a gente se parece tanto!
Eu prometo que não vou ser mais um. Eu vou ser aquele que te amou como ninguém, mas também o que te amou como tantos outros e outras.
Vem pros meus braços, bonita, porque eu te quero tão bem quanto você me quer mal..."