quinta-feira, 18 de abril de 2013

Solução Raciocinada

(escrito no verso de uma prova de Física)

Foi uma decisão puramente precipitada, porém era o que se fazia necessário e não havia outra saída se não pensar com a cabeça. Não desmerecendo a emoção do amor que sentíamos, é claro. Mas, às vezes, a gente tem que deixar o coração de lado e colocar o cérebro no lugar.
Hoje, eu olho pra trás e até me assusto com a tamanha racionalidade com que pensamos ao terminar; por que nós? Logo nós, românticos incorrigíveis e cheios de planos, que brigávamos pelo nome do filho que não nasceria em menos de 20 anos. Logo nós, que não nos desgrudávamos, que, por vezes, abrimos mão da companhia dos amigos pra tomar leite com chocolate aos domingos! "Mas vocês eram perfeitos", ouvimos até hoje. Sim, éramos e somos perfeitos, mas juntos: separados, somos apenas humanos. Apenas humanos, meros mortais que erram o tempo todo e jamais farão a coisa certa.
E o problema era o excesso de acertos. Se éramos tão perfeitos juntos, é porque nunca nos demos a oportunidade de errar. Tínhamos tudo pra dar certo, mas quando dá certo demais, sempre dá errado no final. Nos cansamos da rotina infinita do amor inesgotável, das brigas raras e do comodismo.
Terminar foi a solução raciocinada, o bom motivo que encontramos para nos magoarmos e largarmos um pouco nosso amor perfeitinho de semi-deuses da paixão. E se hoje eu sinto dor, é porque nada foi em vão e a perfeição que buscávamos estava justamente aonde erramos.

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