Em meio às várias tentativas de lhe fazer um poema bonito que não fosse clichê e que lhe pegasse de surpresa, eu lembro de que já lhe havia prometido o mesmo. Não falo nem do momento em que você realmente me cobrou um poema e nem da vez em que cantou minha música preferida, mas da promessa que meu corpo fez ao perceber que você combinava perfeitamente com meus versos atrapalhados e muito cheios de enfeites.
Se não fossem os suspiros que a sua música arrancou de mim nem a forma doce com que você me perguntou onde eu estava esse tempo todo, talvez eu não ficasse tão encantada com as luzes de natal da sua rua, que iluminavam a mesma noite em que tudo era quente mas, mesmo assim, os azulejos e o seu corpo junto ao meu pareceram refrescantes. Ainda não consegui fugir do clichê.
É que tem algo na sua voz que me puxa pelos pulsos e leva para uma imensidão de possibilidades em que tudo sobre você é envolvente e poético e me faz querer levar comigo cada centímetro do seu corpo - o que é muito estranho e novo para mim, confesso até que já tentei fugir e, aliás, não parei de tentar.
Não me leve a mal, é que eu me assusto fácil, mesmo que sempre corra atrás do que é novo. Contudo, como se não houvesse chão atrás de mim e isso me obrigasse a pôr os dois pés à frente, eu me entrego assim mesmo e é assim
que você me tem - ansiosa e cheia de medos, ainda imersa em inseguranças mas com a certeza de que, se eu me soltar, você vai me segurar e vai ficar tudo bem. Você tem a parte mais apaixonada de mim, que por muito tempo esteve escondida mas finalmente encontrou os braços em que pode ficar livre de receios e deixar a poesia pura e solta, por mais piegas que isso possa parecer.
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